Cada qual com sua mania
o gosto não se discute.
Artefatos, bestas, homens e mulheres
cada um é como é
cada um é cada qual
e se manda pela escada como quer.
Mas se tiver que escolher, sou partidário
das vozes vivas da rua mais que do dicionário.
E gosto mais do bairros que do centro da cidade
e dos artesãos mais que da feitoria.
Da razão que da força, do instinto que da urbanidade
e dos indios que do Sétimo de cavalaria.
Prefiro os caminhos às fronteiras
e uma borboleta ao Rockefeller Center
e o faroleiro de Capdepera
aos vigias de Ocidente.
Prefiro querer a poder.
Tatear a pisar.
Amar a querer.
Pegar a pedir.
Dançar a desfilar
e desfrutar a medir.
Prefiro voar a correr.
Fazer a pensar.
Beijar a brigar.
Ganhar a perder.
Mais do que tudo, sou
partidário de viver.
Cada qual com sua mania
o gosto não se discute.
Artefatos, bestas, homens e mulheres
cada um é como é
cada um é cada qual
e se manda pela escada como quer.
Mas se tiver que escolher, prefiro
um bombeiro a um bombardeiro e um suspiro a um vampiro.
Crescer a sossegar, prefiro a carne ao metal
e tua casinha a um castelo.
A pinta de tua cara à pinacoteca nacional
e a revolução aos pesadelos.
Prefiro o tempo ao ouro, a vida ao sonho,
o cão a coleira, as nozes ao ruido
e o sabio por conhecer
aos malucos conhecidos.